sábado, 5 de janeiro de 2013

Feliz Ano Velho
Marcelo Rubens Paiva

*Já foi vencedor do Prêmio Jabuti.
*Já teve adaptação para teatro e cinema.

Um jovem paulista de classe média alta, muitas namoradas, estudante de Engenharia Agrícola na Unicamp vê sua vida se transformar num pesadelo em questão de segundos.
Durante um passeio com um grupo de amigos, Marcelo, de farra, resolve dar um mergulho no lago em estilo tio Patinhas.
 Meio metro de profundidade.
Uma vértebra quebrada.
 O corpo não responde.
Começa ali, naquele mergulho, a história de Marcelo Rubens Paiva, a história de Feliz Ano Velho, um relato verdadeiro de como esse acidente o deixou tetraplégico a poucos dias do Natal de 1979.
Foram 12 meses de uma recuperação interminável: entre estadia em UTI, fisioterapias, colete de ferro, cadeira de rodas, cirurgias...
Mas Marcelo já não teria passado pelo o suficiente quando criança, quando seu pai, o ex-deputado federal Rubens Paiva “desapareceu” em meio ao período conturbado da ditadura militar, agora teria que lidar com mais essa tragédia onde no começo nem sabia o que se passava.
Marcelo conta por conta própria como redescobriu os limites do seu novo corpo, e como foi forte o suficiente para um cara de 20 anos lidar com tudo isso.
Apesar de ser trágico o autor lida com bom humor e consegue transmitir isso com facilidade.

Não é a primeira vez que leio esse livro e não será a última.
Já faz 10 anos que li esse livro pela primeira vez e sempre sou pega pelo estilo jovial do livro.
Lembro inclusive que achei um pouco demais para os livros ‘lights’ que eu  lia; falando sobre drogas, política, sexo (imagina 50 tons de cinza na época kkkk)... Mas achava graça da forma marota com que ele lidava com a própria tragédia.
Da outra vez que li já fiquei meditando na condição adquirida por Marcelo. Na época eu já trabalhava na área hospitalar, e comecei a desenvolver mais compaixão (colocar-se no lugar do próximo).
Ficava pensando que essas pessoas não queriam nossa piedade, queriam nosso respeito!
Pensava também que eles também têm medos, mas sempre força para não desistir.
Agora eu leio e percebo o quanto teve ter sido difícil para o autor perder o pai desta forma.
A repressão política era muito forte, a liberdade era reprimida a unhas e dentes.
E fico triste de ver que hoje ninguém quer saber de nada. Vota porque é obrigado.
Não sabe nem a diferença entre ser direita ou esquerda.
Será que foi tudo em vão? Espero que não.
Hoje em dia conheço outros Marcelos. Talvez não porque pularam em um rio, mas porque levaram um tiro, ou tiveram uma doença grave que afetou os movimentos... Uns com mais sorte, outros com menos. Mas deveriam todos ter a mesma determinação que o Marcelo Rubens Paiva.
Talvez ele não achasse que sua história desse tanto o que pensar em épocas diferentes.
E com certeza da próxima que eu ler, terei outras reflexões.
Então eu indico demais esse livro, para jovens e adultos.
Uma história real com tragédia, humor e sobretudo superação.
Obs.: Mas porque falar desse livro?
Ele mexeu com minha vida literária, deu um pontapé. Eu me sentia lendo uma vida de verdade, não era só uma ficção ou um romance, era tudo isso dentro de um livro.
Pra mim foi um marco pessoal. E depois de dez anos é nostálgico lê-lo e queria compartilhar ele com vocês também.
Pretendo às vezes falar sobre livros que não estarão entre os mais vendidos ou entre os mais lidos, porque ficaram meio esquecidos, mas que valem a pena ler na minha opinião.


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